quinta-feira, 7 de setembro de 2023

O que falar da Amizade?

Baby e Zé Cícero
Baby e Zé Cícero

Gilmar, Ivany e filhos

Mário Moura - Educador e Poeta

Amizade significa criar laços. Por isso, só se aprende mesmo o que é Amizade vivendo. O (a) amigo (a) é aquele que vai ao encontro de quem precisa e não espera nada que venha até ele. É renovação para quem dá e para quem recebe. É uma fonte que não retém água para si. Amizade é a descoberta de corações. É afeto, pois implica unidade afetiva. É concórdia, cumplicidade, arrebenta a solidão e o egoísmo, nos torna solidários, responsáveis e cuidadosos.

Amizade é amor, benevolência, encontro de afetos, confiança mútua, cumplicidade, comunhão de sentimentos de vida, de amor e de ideais; é partilhar alegrias e tristezas, sucessos e fracassos, expectativas e desilusões.

Amizade dá animo e sentido à vida. Torna a nossa vida mais bela e fecunda. Preenche nossa alma, nosso coração. Deixa viva o fogo esplendor de viver!

Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti única no mundo... [...] Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste. Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo... [...] Se tu vens, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. [...] Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. (Exupéry, O Pequeno Príncipe).

Por isso, a amizade verdadeira não se pode estender a muitos, porque exige experiência, intimidade, confiança, requerendo convivência e familiaridade, o que não é possível com todos.

Amizade é resgatar o que há de mais humano em nós. É nos tornar melhores. É irmandade, é amar e ser amado!

Dedicado aos amigos de sempre, particularmente a Conceição (Baby) e Zé Cícero, Gilmar (Ing) e Ivany que me proporcionaram nestes últimos 05 dias, a alegria de sua companhia, após infinitos convites (agora atendidos).

Aracaju (SE), 07 de setembro de 2023 - Independência do Brasil.

Paz e Bem!!!

terça-feira, 4 de julho de 2023

"Happiness": animação que questiona uma sociedade movida pelo consumo e guiada por um ideal de felicidade obsessiva.

Mário Moura - Educador e Poeta.

O curta de animação "Happiness" (2017) de Steve Cutts, conhecido ilustrador britânico e especialista em animação faz uma reflexão e critica contundente à busca implacável por "felicidade", movida pelo consumo que marca as sociedades capitalistas atuais.


A ideia de que a "felicidade" depende, em última instância, da posse e acumulação de bens materiais ou da incessante busca de “realização” – noções essas promovidas, à exaustão, pela manipulação das emoções através da publicidade e do marketing, causando um anestesiamento que esconde seus efeitos nocivos como a falta de reflexão e um alívio ilusório (nunca é saciada totalmente, pois encontrar a felicidade dos anúncios é impossível: são milhares de produtos, propostas, padrões estéticos e serviços que devem ser perseguidos. E quando um deles é alcançado, surge outro nível) – impôs-se como uma “ideologia” totalizante que transformou a “felicidade”, ela própria, numa mercadoria ou bem de consumo.

Podemos ser felizes apesar do consumismo exagerado, falta de liberdade e da supervalorização do dinheiro e do status social?





domingo, 17 de abril de 2022

Pessach - nossa Travessia!

 



Mário Moura - Educador e Poeta.

"Por que é que vocês estão procurando entre os mortos quem está vivo? Ele não está aqui, mas foi ressuscitado", indagaram e esclareceram os dois anjos à Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago que no Domingo bem cedo foram ao túmulo de Jesus (Lucas 24.1-6).

A atitude destas mulheres levando bálsamos para perfumar o sepulcro é um sinal de amor, ternura e cuidado, bem como, a surpresa em não encontrar o corpo do Senhor demonstra a nossa incapacidade de entender os propósitos divinos em nossas vidas, do quanto precisamos remover as pedras para superarmos os nossos medos, egoísmos e fraquezas. 

Injustiça, opressão, exploração... morte nossa de cada dia imposta aos milhões de seres humanos considerados descartáveis e inúteis; de uma sociedade cada vez mais indiferente e individualista, coisificando a tudo e a todos, inclusive a Páscoa com seus coelhinhos e ovos de chocolante que no afã do lucro desenfreado deturpa a sua essência e significado próprio. 

Mas, a vida também pulsa... Páscoa - passagem - da decepção para a irrupção do inesperado: a ressurreição. Páscoa é também redescoberta, é recomeço, é renascimento, é reavivamento! Frei Betto nos ensina que não gosta do verbo morrer. Prefere transvivenciar, pois quando nascemos, todos  riem e nós choramos e quando transvivenciamos, ocorre o  contrário. Dessa maneira, crer na vida antes da morte é mister em nosso cotidiano. Exatamente: onde há morte, antes houve a vida e depois virá a ressurreição - a Páscoa! Este é o Mistério da fé cristã, nós ressucitaremos!

Como Maria Madalena e as demais mulheres no túmulo vazio, também nós só veremos os sinais da ressurreição, quando levantarmos nossos olhos dos sinais de morte, e dirigirmos nosso coração para a VIDA. Deus é Amor, Deus é Vida e para isto nos criou!!!

Paz e Bem!!!

terça-feira, 12 de abril de 2022

Tropeços

Imagem: http://pastoralmir.blogspot.com/2007/12/ensaio-10-guardados-de-tropear.html

Mário Moura - Educador e Poeta.


Acordo! Levanto-me! 4h da manhã é madrugada! O calor e o bafo quente impregnam os meus poros!

Tomo o banho e o desjejum! Saio do apartamento, desço as escadas. Opa, uma topada... Sigo o caminho, outra topada... Mas à frente, repeteco. Que coisa heim?!?!

Pois é, de topada em topada, o que não me derruba, me fortalece. Alias, me joga adiante, passo-a-passo, guerreiro, persistente, caminhante.

Como já dizia Drummond: "No meio do caminho tinha uma pedra". Entre tropeços e mais tropeços, o que é um dedinho machucado diante das dores do mundo?

Paulo Afonso, 12.04.2022.

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

O que o monstro mostra?


 "É necessário considerar que o monstro mostra alguma coisa do que nós somos"

Por Marcelo Silva de Souza Ribeiro, publicado na Folha da Cidade

A Folha da Cidade ressurge renovada como num réveillon, que em francês significa além de virada de ano, “despertar”. Este jornal desperta de modo vigoroso e tendo alguns colaboradores entusiastas com a proposta, incluindo este colunista que vos escreve. 

Nesta coluna, como um réveillon da Folha, trago a ideia do efeito monstro, ou melhor, o que o monstro mostra. Para uma parte significativa da população, a representação social do atual presidente da República tem qualquer coisa de monstro. Bem verdade que as representações são sempre múltiplas e assumo o recorte aqui dado.

A palavra monstro tem sua origem no latim monstrum, que significa objeto ou ser de caráter sobrenatural que anuncia a vontade dos deuses; aberração, aquilo que foge da ordem natural das coisas. O curioso é que a palavra mostrar, do latim monstrare é o infinitivo do verbo monstrum. A pergunta que se faz, portanto, é: o que o monstro mostra?

Sem alimentar visões dicotômicas que desvalorizam autocríticas e análises implicadas é necessário considerar que o monstro mostra alguma coisa do que nós somos, desvela um certo perfil da sociedade brasileira. E isso pode ser até paradoxal, uma vez que, apesar dessa representação social de um presidente como monstro, isso não retira a responsabilidade de todos nós acerca da condição ou representação monstro. Tenho defendido, nesse sentido, que a representação social é sempre da ordem da relação e da intencionalidade.

Os fortalecimentos e ascensões de narrativas autoritárias, preconceituosas e belicosas, além de discursos e ações negacionistas e insensíveis, sejam em relação aos temas ambientais ou à situação da pandemia, mostram que houve uma potente identificação da população. Essa identificação ou aderência revela, em alguma medida, como um espelho que reflete a própria imagem, que também somos monstros.

O monstro mostra então que é importante não olhar apenas para o outro, ainda que esse outro seja um presidente, mas olhar para o que somos, incluindo aí nossas constituições históricas e culturais. E isso não tem nada a ver em cultuar nossas monstruosidades e sim, ao enxergar nossos monstros em potenciais, não empoderar monstros outros e mesmo superarmos essas aberrações. 

A consciência do que somos ou do que somos capazes em fazer (ou já fizemos), por mais monstruoso que seja, é uma possibilidade de um réveillon, de um despertar, diferente e mais esperançoso de sermos humanos melhores e de vivermos numa sociedade mais solidária e menos injusta.


Marcelo Silva de Souza Ribeiro é psicólogo e professor da Univasf, doutor em Ciências da Educação pela Université du Québec à Montréal, com pós-doutorado na UFBA e editor da Revista de Educação do Vale do São Francisco (Revasf).



sábado, 20 de novembro de 2021

EI, ZUMBI ME FAZ REENCONTRAR COM SUA NEGRITUDE EM MIM! (revisado e atualizado)

 

Em 2009 escrevi este artigo exatamente trazendo algumas ponderações em relação ao Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Hoje compartilho com vocês este texto revisado e atualizado, porém com a mesma força, ternura e militância de 11 anos atrás.

Paz e Bem,

MM


A população negra em nosso país tem como referência principal A LUTA DO QUILOMBO DOS PALMARES pela construção de uma sociedade alicerçada na ética, na justiça, na liberdade, uma sociedade mais humana. Desde o início de nossa história os negros são tratados com inferioridade, sem direitos e relegados a uma vida indigna e desumana. Ainda hoje, os povos negros têm dificuldade em mostrar o seu valor, de serem sujeitos históricos de suas realidades na arte, na cultura, na mídia, na política... na sociedade. Apesar da discriminação, da exclusão – indiferença – existem expressões fortes da cultura afro, que resistem e persistem, no seio das manifestações sociais do Brasil.


SOU NEGRO, SOU LINDO, SOU CIDADÃO

“Ei, Zumbi, Zumbi Ganga meu rei, você não morreu, você está em mim!” Este canto de esperança é um grito, um clamor a Zumbi dos Palmares, herói não apenas dos negros, mas de todo o povo brasileiro. E por quê? A LIBERDADE é o grito do Quilombo dos Palmares, é a autenticidade da luta negra, dos negros escravos da senzala... IGUALDADE é o brado forte dos tambores, atabaques e batuques, cantada e esperançada no sangue derramado, na ternura e resistência pela humanidade negra.

Zumbi e todos que se inquietaram e se inquietam; não se calaram, não se calam; não se omitiram, não se omitem; que acreditaram e acreditam; que doaram e doam suas vidas, na luta pela liberdade e igualdade são os atores que fazem a gente, o Brasil a se reencontrar com a nossa identidade negra.

Apesar de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE em 2019, indicarem que 56,10% (1) da população brasileira é negra, o Brasil ainda está longe de assegurar direitos iguais a todos os seus cidadãos, pois esta superioridade nos números, no entanto, ainda não se reflete na sociedade brasileira. Não há a chamada democracia racial que segundo Gilberto Freyre, a miscigenação entre brancos, negros e índios fora a maneira encontrada pelo país para viabilizar a convivência pacífica e harmoniosa entre as diferentes raças. O mito da democracia racial esconde nos “porões da história”, os processos de exclusão e de marginalização dos negros na sociedade brasileira.

Podemos destacar a sub-representação da população negra no poder do Estado nas suas várias esferas e as desigualdades sócio raciais. A dimensão política da desigualdade racial está estreitamente ligada e exclusão da população negra dos espaços de poder e consequentemente das decisões sobre o destino dos esforços e bens coletivos.

Com relação às posições de poder no âmbito da justiça, por exemplo, dados do Conselho Nacional de Justiça, mostram que havia 14,2% magistrados pardos e 1,4% magistrados pretos em 2013 – último ano com informações disponíveis. A imensa maioria dos magistrados são brancos (83,8%). Nos Tribunais Superiores – Superior Tribunal de Justiça (STJ), Supremo Tribunal Federal (STF), Tribunal Superior do Trabalho (TST), Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Superior Tribunal Militar (STM) – os números são ainda menores: 1,3% se declaram pretos e 7,6%, pardos. Em toda a história, apenas três negros ocuparam uma cadeira no STF: os ministros Joaquim Barbosa, indicado em 2003 pelo ex-presidente Lula, Hermegenildo de Barros, nomeado em 1919 e aposentado em 1937, e Pedro Lessa, ministro entre 1907 e 1921 (2).

Na esfera estatal “é visível que os negros não conseguem fazer prevalecer suas necessidades em muitas políticas públicas, pois estão sub-representados em todas as posições de poder” (3).

Na economia e no mercado de trabalho é evidente a exclusão dos negros. Segundo o Pnad de 2003 (4), em torno de 46% da População Economicamente Ativa (PEA) e 48% dos que atuam por conta própria eram profissionais negros, porém emergem desigualdades na representação proporcional com relação a atividade produtiva, pois os negros estão “sobre-representados nos nichos de mercado menos valorizados, como construção civil, comércio ambulante e setor de serviços, que envolvem trabalhos manuais e pesados. No comércio não-ambulante entre as profissões liberais e no ramo de serviços auxiliares de atividades econômicas, que agregam trabalhos e ocupações mais valorizados pela sociedade, estão sub-representados, independente da região” (5). Os negros também são os que mais sofrem com a informalidade, que vem crescendo no Brasil nos últimos anos. Em 2018, 47,3% das pessoas ocupadas pretas ou pardas estavam em trabalhos informais, segundo o estudo do IBGE. Entre os brancos, o percentual de pessoas em ocupações informais era menor: 34,6%.

No que tange a presença das pessoas negras nos cargos de Conselho de Administração, de direção e gerência das 500 maiores empresas do país, em 2016 (6) no nível mais elevado das hierarquias (Conselho de Administração) dessas companhias apenas 4,9% dos funcionários era negro. Nos quadros executivos, cargos de gerência, supervisão e todo quadro funcional 4,7%, 6,3%; 25,9% e 35,7% respectivamente.

Nesse sentido, quanto mais se avança rumo ao topo das hierarquias de poder, mais a sociedade brasileira se torna branca, este em todos os espaços decisivos para a formação e manutenção de poder. Portanto, esta realidade se configura em uma situação de pobreza política desse grupo, o que contribui na persistente desigualdade racial no desenvolvimento humano brasileiro.

Na sociedade brasileira, a ausência de políticas públicas e sociais direcionadas aos descendentes de escravos e escravas contribuiu para deixá-los na pobreza. “Pobreza não apenas de renda, mas pobreza humana (...) a pobreza humana não enfoca o que as pessoas possuem ou deixam de possuir, mas o que elas podem ou não fazer. É a privação das capacidades mais essenciais da vida, incluindo desfrutar de uma vida longa e saudável, ter acesso ao conhecimento, ter recursos econômicos adequados para uma vida digna e poder participar da vida comunitária, defendendo seus interesses” (7).

A diferença entre o desenvolvimento humano da população branca e o da população negra do Brasil está ligada, sobretudo à renda: Segundo o IBGE, o rendimento médio domiciliar per capita de pretos e pardos era de R$ 934 em 2018. No mesmo ano, os brancos ganhavam, em média, R$ 1.846 – quase o dobro. Entre os 10% da população brasileira que têm os maiores rendimentos do país, só 27,7% são negros.

Em 10 anos – de 2007 a 2017 -, o Brasil se tornou um país com mais potencial de morte para negros do que para não-negros. A taxa de homicídios de negros cresceu 33,1% no período, enquanto a de brancos aumentou 3,3%. Ou seja, os negros são os que mais morrem e também são a população em que a taxa de mortes violentas mais cresce. Entre todos os estados, o Rio Grande do Norte é o mais violento para os negros. Em 2017, a taxa de homicídios de pretos ou pardos foi de 87 a cada 100 mil habitantes. O índice, o mais alto do país, é superior ao dobro da média nacional – 43,1 negros mortos a cada 100 mil habitantes. Negros também são maioria entre os que morrem em decorrência de ações de agentes de segurança do Estado. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019, 74,5% das pessoas assassinadas em intervenção policial são pretas ou pardas. As mulheres negras são vítimas mais recorrentes de homicídios. Segundo o Atlas da Violência, a taxa de assassinatos dessas mulheres cresceu 29,9% de 2007 a 2017. No mesmo período, o índice de homicídio de mulheres não-negras cresceu 4,5%. “Altas taxas de homicídios trazem não só sofrimento físico e psicológico, como também impactos sociais e econômicos. Elas resultam em falta de confiança nas instituições, requerem a administração de um extenso sistema de justiça criminal, ampliam os gastos com saúde e implicam em perda de produtividade econômica, em especial quando essas taxas atingem com mais intensidade a população jovem [...]” (8).

Em 1888, os negros foram libertados da escravidão. Libertados? Deixaram de ser escravos dos senhores de engenho, mas se tornaram filhos rebentos da nação sem nenhuma política social, indenizações que permitisse o mínimo de integração, direitos sociais: foram jogados à rua, nas favelas, nos bolsões de miséria, sem casa, saúde, trabalho, educação... os negros são maioria nos presídios e nas favelas, são a maioria dos analfabetos e recebem os menores salários. O Brasil tem um legado: resolver o seu passado! Daí a importância de políticas e ações afirmativas.

O debate sobre a temática racial no Brasil deve ser realizado amplamente e apesar do abismo existente entre negros e brancos temos conquistas, principalmente no campo das políticas de identidade e de reconhecimento. O estabelecimento do 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra e o reconhecimento de Zumbi dos Palmares como herói nacional são um exemplo. Há também a Lei nº 10.639/2003, que inclui, no currículo escolar, o ensino da história afro-brasileira, bem como a valorização da estética e da cultura negra.

Apesar de alguns revesses a partir de 2016, com o golpe promovido contra a Presidenta Dilma Rousseff em um processo de impeachment bastante controverso e questionável e, a eleição de Jair Bolsonaro que adota uma agenda totalmente anti afirmativa, nos últimos anos, ampliou-se o diálogo com o Estado na luta por direitos, incluindo na agenda nacional o reconhecimento e o combate as profundas desigualdades sociais entre negros e brancos.

Promover uma agenda com políticas e ações afirmativas não é fácil, os desafios são grandes: particularmente incentivar à participação de mulheres negras para ampliar suas presenças nos espaços hierárquicos das empresas, nos poderes executivos, legislativos e judiciário e de políticas de igualdades de oportunidades; aglomerar um maior número de ativistas que provenham das classes populares e que se reconheçam como negros e, participação nos espaços de decisão. Outro ponto a ser mantido é a questão das cotas nas universidades e nos concursos públicos, bem como, na iniciativa privada, e consequentemente a construção de uma agenda que privilegie a luta a favor dos direitos humanos e contra a pobreza, a violência e o racismo no Brasil.

Zumbi, liderando o Quilombo dos Palmares, foi um herói negro das Américas. Palmares é a chama, é o sonho, é a esperança apagada na História dos livros, mas arde em nossos peitos, corações, sentimentos, ideais e almas no nosso caminhar. O 20 de novembro é o nosso símbolo de liberdade, o sonho que deve ser buscado até que o Brasil reconheça de fato todos os brasileiros.

“Ei, Zumbi, nessa terra fértil, outros como você também tombaram ao chão (...) e muitos tombarão, enquanto houver luta pela libertação”.

NOTAS:

(1) Fonte: IBGE, PnadContínua, 2019.
(2) Fonte: Instituto Ethos, 2016.
(3) Relatório de Desenvolvimento Humano – Brasil 2005: racismo, pobreza e violência. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
(4) Fonte: Instituto Ethos, 2006.
(5) Relatório de Desenvolvimento Humano – Brasil 2005: racismo, pobreza e violência. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
(6) Fonte: Instituto Ethos, 2016.
(7) Relatório de Desenvolvimento Humano – Brasil 2005: racismo, pobreza e violência. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
(8) Fonte: IBGE, PnadContínua, 2019.

REFERÊNCIAS:

BRASIL. Relatório de Desenvolvimento Humano – Brasil 2005: racismo, pobreza e violência. PNUD: Brasília-DF, 2005.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. 50 ed. Global: São Paulo, 2006.

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve!



Mário Moura - Educador e Poeta.


"O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para sair daqui?"
"Isso depende muito de para onde você quer ir", respondeu o Gato.
"Não me importo muito para onde...", retrucou Alice.
"Então não importa o caminho que você escolha”, disse o Gato.
"...contanto que dê em algum lugar", Alice completou.

Trecho de Alice no País das Maravilhas - Charles Lutwidge Dodgson, mais conhecido pelo seu pseudônimo Lewis Carroll

Este diálogo que foi imortalizado na obra de Lewis Carrol, pode ter diferentes interpretações instigadoras e provocativas no que concernem ao encontrar as respostas que procuramos ao questionarmos nossa vida e o rumo que tomamos, a cada dia e a cada noite: “Para onde eu quero ir?” “Onde quero chegar?” “Qual o melhor caminho a seguir?” “Onde começa um caminho e termina o outro?” “Qual o meu ponto de partida e chegada?” “Como saber se, de fato, eu chegarei onde imaginava chegar?”

Talvez nunca saibamos. Porém, mais importante do que caminhar é a clareza em relação onde se deseja chegar. Não adianta nada qualquer tipo de caminho se não soubermos com clareza para onde vamos. Independente de qual seja o caminho, a trajetória é essencial, pois ela, e somente ela, será capaz de delimitar como chegaremos ao final, em qual estado físico, mental e espiritual que nos encontraremos ao final desta jornada.

Muitas pessoas como a Alice, não se importam muito para onde vão. Saem andando a esmo... E é uma realidade. Quantas pessoas trabalham há anos numa mesma instituição, sem sequer saber onde esta instituição deseja chegar. Frequentam diversos espaços sociais, constituem círculos de amizades/namoram/solteiros ou não/constituem família, sem sequer procurar refletir de por que são o que são e a razão de por que as coisas que os rodeiam são construídas de um modo e não de outro, problematizando a realidade e não a concebendo como um dado natural. Atuam mecanicamente sem conhecer ou questionar para si: “Por que estou aqui?” “Qual a relevância e impactos de minhas atitudes e comportamentos?” “Como posso fazer a diferença?” “Qual o meu legado?” Não percebem o sentido e o significado de sua intervenção no mundo; e a vida simplesmente passa por elas.

Quando não nos planejamos, não nos organizamos, não sabemos o que queremos e esperamos da vida como nos disse Raul Seixas “com a boca escancarada, cheia de dente, esperando a morte chegar”, não somos protagonistas de nossa história e ficamos reféns do acaso: como não sabemos para onde vamos, pegamos qualquer caminho para chegarmos a qualquer lugar. E a vida vai passando, correndo devagar, esvaindo-se pelos vãos dos dedos. E, então, quando menos esperamos o tempo já passou! Game Over!!!
 
Em contrapartida, muitas pessoas também assumem o leme de sua vida e passam a se responsabilizar pelo seu próprio crescimento, seja ele, pessoal ou profissional: traçam metas e objetivos, analisam os riscos e se lançam a desafios, definindo sim, os caminhos e as rotas a serem seguidas. Tem como bússola um espírito de anima que as motiva a se moverem afim de alcançar o que desejam de forma genuína, altruísta e ética. Sabem exatamente onde desejam chegar e não medem esforços para a obtenção de suas conquistas. Traçam seu plano de voo com direito a ponto de partida e de chegada e inclusive a mudanças de rota para atingir, mais seguramente, o seu ponto de destino.

Como diz o poeta espanhol Antonio Machado: “Caminhante, não há caminho: faz-se caminho ao caminhar!”.  Neste sentido, cada um tem de ser caminho. Assim como ninguém pode viver no lugar do outro, assim, também, ninguém pode caminhar no lugar do outro.

E você já parou para refletir onde deseja chegar?

Paz e Bem!!!

domingo, 10 de outubro de 2021

Destino




Por Lúcia Nascimento da etnia Pankararu. Idealizadora e coordenadora do projeto Aventureiros da Leitura, na Escola Manoel Nascimento Neto em Paulo Afonso, Bahia.

Tínhamos simplesmente uma vida normal
Sempre sorrindo e fazendo planos 
Não discutíamos por coisa banal
Era bem melhor falar de nossos sonhos.

O nosso cotidiano era sempre de alegria 
E com nossos filhos nos rodeando era bem melhor
Até nos momentos de dureza, piadas você fazia
E as gargalhadas explodiam ao nosso redor.

Não quero lembrar de você com tristeza
Apesar da grande falta  de você que sinto 
Lembro que você sempre mostrava a vida com leveza
Por isso sua lembrança será levada ao infinito.

Você foi ótimo em tudo, foi um guerreiro 
Um esposo, pai, avô, tio, filho, genro, irmão e cunhado sempre presente
Para os amigos e quem de você precisava, sempre foi parceiro
Uma pessoa muito especial e decente.

Agora só nos resta a sua lembrança 
Pois, o destino nos tirou você levando parte da nossa alegria
Nos tirou nossa felicidade e parte de nossa esperança 
Pondo um ponto final em nossa parceria.

Hoje seria mais um ano de casamento comemorado
Mas com lágrimas nos olhos lembro nossa felicidade
Que sempre foi meu cúmplice e namorado
E com essas lembranças  irei seguir sempre com saudade!

Publicado em: Coletânea 50 Vozes Poéticas do Brasil Vol. 3/Rogério Fernandes Lemes. - 1. ed. - Dourados: Biblio Editora, 2021.

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

2ª Antologia do Encontro de Escritores Santabrigidenses & Convidados



A Academia Santabrigidense de Letras e Artes, em parceria com a Secretaria de Cultura e Turismo de Santa Brigida tem a honra de anunciar o Lançamento da 2ª Antologia do Encontro de Escritores Santabrigidenses & Convidados. O evento será realizado no dia 28 de agosto, as 10h, na Câmara Municipal de Vereadores de Santa Brígida, e será transmitido através de uma Live no canal do YouTube.

Apoio Cultural: Prefeitura Municipal de Santa Brígida, Câmara de Vereadores, Academia de Letras de Paulo Afonso (ALPA), Academia de Letras & Arte de Canindé do São Francisco (ACLAS), Academia Literária do Amplo Sertão Sergipano (ALAS), Site Se Liga na Música, e Jornal Folha Sertaneja.
Não perca! Será sábado, 28 de agosto, às 10h, na Câmara de Vereadores de Santa Brígida, o 2º Encontro de Escritores Santabrigidenses & Convidados.
Em breve divulgaremos o link para a sua participação!

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Estrela Guia


Por Lúcia Nascimento

Era maravilhoso viver contigo
Sempre vivemos bons momentos
No aconchego do seu abraço amigo
Vivi recebendo seu acalento.

Eu seguia sempre seus passos
Pois sempre me fazia sentir segura
A cada momento aumentava nossos laços
E éramos envolvidos por mais ternura.

Viver com você era como um sonho
Pois todo dia tinha uma nova história
História que não deixava ninguém tristonho
Era simplesmente linda nossa trajetória.

O que vivemos foi intenso e muito especial
Vivemos muitos momentos de plena alegria
Tivemos um intenso amor sem igual
Agora seguirei sempre lembrando de ti minha estrela guia.